A safra de soja 2024/25 marca um novo capítulo na trajetória de produtividade do agronegócio brasileiro. Mato Grosso, principal estado produtor do país, alcançou um patamar histórico com média de 66,26 sacas por hectare, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Com esse desempenho, a produção total estimada chegou a 50,34 milhões de toneladas, crescimento de 28,91% em relação ao ciclo anterior.
Os resultados refletem a combinação de condições climáticas favoráveis, com chuvas bem distribuídas ao longo do ciclo, e investimentos consistentes em tecnologia e manejo por parte dos produtores. A área plantada se manteve em expansão, totalizando 12,66 milhões de hectares, alta de 1,47%. Esse desempenho consolida o estado como o epicentro da competitividade agrícola nacional, mesmo diante de gargalos logísticos.
Avanço comercial e estratégias para a próxima safra
Até março, 58,98% da produção já havia sido comercializada, com valorização média de R$ 109,15 por saca, alta de 1,08% frente a fevereiro. A movimentação do mercado confirma o apetite comprador e a estratégia dos produtores mato-grossenses de garantir margem e segurança para o próximo ciclo. As vendas antecipadas da safra 2025/26 atingiram 8,10%, sinalizando uma abordagem preventiva diante da volatilidade internacional.
Por outro lado, o mercado externo começa a reagir com maior cautela. O preço médio da soja para exportação registrou queda de 0,25% em março, influenciado pelas cotações da Bolsa de Chicago e pela retração nos prêmios. Mesmo assim, o indicador Cepea fechou o mês em R$ 132,16/saca, mantendo-se em patamar competitivo frente aos custos de produção.
Demanda aquecida e desafios logísticos
A demanda interna e internacional segue em ritmo acelerado. As exportações devem atingir 30,88 milhões de toneladas, crescimento de 24,87%. O consumo interno estimado é de 12,85 milhões de toneladas, enquanto o consumo interestadual subiu 131,15%, impactado pela quebra de safra no Rio Grande do Sul. No total, a demanda projetada para a soja mato-grossense nesta temporada é de 49,37 milhões de toneladas, alta de 23,89%.
Apesar do bom desempenho, a infraestrutura logística segue como ponto de atenção. As chuvas prolongadas no período da colheita impactaram a qualidade de parte da produção e causaram atrasos no escoamento. Filas de 24 a 48 horas em armazéns e a escassez de caminhões reforçam a necessidade de investimentos estruturantes em transporte e armazenagem.
Agro de alto desempenho: produtividade com inteligência de dados
O resultado recorde de Mato Grosso é um indicativo claro do potencial competitivo do Brasil na agricultura de alta escala, baseada em inovação, gestão e resiliência. A modernização do campo passa não apenas pela mecanização, mas pelo uso de inteligência agroclimática, monitoramento em tempo real e planejamento estratégico, cada vez mais presentes no cotidiano das fazendas.
Com novas projeções previstas para a próxima divulgação do Imea, incluindo o uso de geoprocessamento para consolidar áreas plantadas, o agro mato-grossense se antecipa ao futuro. Mais que volume, a nova fronteira da produtividade está na precisão, na previsibilidade e na eficiência integrada do campo à mesa.