O que empreendedores brasileiros podem aprender com a Europa e Ásia?

Em meio a desafios econômicos, a receita de fomento à inovação e atração de capital nesses continentes aponta o caminho para o crescimento no Brasil
Empreendedor observando várias possibilidade para ter um grande ideia.

O crescimento econômico em diversas nações de renda média na Europa e Ásia Central tem desacelerado desde os anos 2000, principalmente no cenário dos empreendedores desta região. Fatores como um ambiente global mais desafiador, a redução da atividade econômica na União Europeia e um progresso mais lento nas reformas estruturais pós-crise financeira de 2007-2009 contribuíram para esse cenário.

No entanto, é precisamente nesse contexto de incerteza e fragmentação geoeconômica que surgem lições valiosas para empreendedores brasileiros que buscam impulsionar seus negócios e a economia.

De acordo com um relatório da Euractiv’s Advocacy Lab publicado recentemente, dez países na região alcançaram o status de alta renda desde 1990, e a chave para esse feito notável foi um setor privado dinâmico e inovador. Para o Brasil, que também enfrenta seus próprios desafios econômicos, compreender as estratégias adotadas por essas regiões pode ser um mapa para o futuro.

Fique por dentro!

Capital privado como impulso

Você sabia que, em 2023, o ecossistema de startups da Europa atraiu mais de US$ 85 bilhões em investimentos de risco, demonstrando a forte aposta do continente em inovação e novas empresas?

Essa capacidade de mobilizar capital privado para negócios de alto potencial é um dos pilares que empreendedores brasileiros podem almejar replicar, e que diferencia esses mercados, mostrando que o capital de risco é um combustível essencial para a inovação.

Foco estratégico: além do pequeno e médio negócio generalizado

Uma das principais lições é a necessidade de reavaliar as políticas de apoio às empresas. Em vez de esforços amplos e generalizados para atingir todas as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), o foco deve ser direcionado para companhias jovens e inovadoras com alto potencial de crescimento.

A experiência europeia e asiática demonstra que são as startups e empresas dinâmicas as principais impulsionadoras da geração de empregos. As políticas públicas, e o próprio ecossistema empreendedor, devem priorizar essas empresas, abordando suas restrições específicas e corrigindo as falhas de mercado que limitam seu acesso a capital, mercados e talentos.

É fundamental criar um ambiente onde o potencial de crescimento e inovação não seja impedido por barreiras burocráticas ou falta de investimento direcionado.

 

Ambiente competitivo e inovação: o motor do progresso

Empresas vibrantes só podem surgir e atingir seu potencial máximo em um ambiente competitivo que estimula a adoção de tecnologia e a inovação. Em muitas economias, a dominância de empresas estatais pode sufocar a concorrência e o espírito empreendedor. Para o Brasil, isso significa fortalecer a iniciativa privada, garantir um campo de jogo nivelado e incentivar a rivalidade saudável.

Ao adotar novas tecnologias e aprimorar suas estruturas de gestão e organização, as empresas podem se tornar mais eficientes e acessar novos mercados lucrativos. O objetivo não é apenas ser uma “fábrica” para tecnologias estrangeiras, mas desenvolver capacidades próprias de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), permitindo que as empresas brasileiras expandam seu alcance global com produtos e serviços originais.

 

O desafio do capital: acesso a financiamento de risco

Para que essa expansão aconteça, é crucial aumentar o acesso a financiamento, especialmente capital de longo prazo e de risco. Muitas empresas dependem excessivamente de fundos próprios ou de créditos bancários de curto prazo, que tendem a financiar capital de giro em vez de investimentos de longo prazo e inovação.

Startups fundadas em novas tecnologias e modelos de negócios inovadores, por sua natureza, enfrentam dificuldades em obter empréstimos bancários tradicionais e acessar capital de risco (venture capital). O Brasil precisa, portanto, desenvolver e aprofundar seus mercados financeiros, criando mais avenidas para que investidores anjo, fundos de venture capital e outras fontes de financiamento de risco possam injetar recursos em empreendimentos promissores.

 

O papel fundamental do capital humano

Por fim, um investimento robusto em capital humano é vital para atrair e reter trabalhadores altamente qualificados e empreendedores. Isso implica criar oportunidades para aprimorar habilidades por meio de treinamentos contínuos e elevar a qualidade da gestão.

Escolas vocacionais, por exemplo, devem ser revitalizadas para equipar os graduados com as habilidades e aptidões necessárias para o mercado de trabalho atual, e não com conhecimentos obsoletos. Estudos mostram que melhores práticas de gestão por si só podem explicar diferenças de 30% nos níveis de produtividade entre países e 20% dentro de um mesmo país. Ou seja, investir em formação e desenvolvimento gerencial tem um impacto direto e significativo na produtividade.

Embora cada nação precise definir seu próprio equilíbrio de políticas para reacender o crescimento, os ingredientes-chave observados na Europa e Ásia Central são universais: promover a competição, ampliar a integração com a economia global, alavancar a tecnologia e a inovação e fomentar a inovação do setor privado.

Para o empreendedor brasileiro, isso se traduz em buscar a excelência, a internacionalização e a constante adaptação tecnológica, inspirando-se em modelos que já provaram seu valor.

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