Cenário Econômico 2025: Juros Elevados como Obstáculo à Produtividade e Expansão Industrial no Brasil

Entrevista com Arnaldo Jardim destaca preocupação com o acesso restrito ao crédito e consequente limitação no potencial de crescimento e modernização do parque industrial brasileiro.
Portal da Produtividade - Juros Elevados como Obstáculo à Produtividade e Expansão Industrial no Brasil

A persistência de taxas de juros elevadas no cenário econômico brasileiro em 2025 emerge como um fator de preocupação para a competitividade das indústrias e para a sustentabilidade do crescimento. Em entrevista ao Portal da Indústria, o economista e ex-ministro da Agricultura, Arnaldo Jardim, analisa os impactos multifacetados dessa conjuntura, que afeta desde o acesso ao crédito para investimentos até o poder de compra do consumidor, com reflexos diretos na dinâmica produtiva nacional. A manutenção de um patamar elevado da Selic, embora com o objetivo de controlar a inflação, impõe desafios significativos ao setor produtivo e demanda atenção estratégica para mitigar seus efeitos.

Segundo Jardim, a taxa de juros alta encarece o crédito, desestimulando investimentos em expansão e modernização do parque industrial. Para as pequenas e médias empresas (PMEs), que representam uma parcela significativa do tecido empresarial brasileiro, o acesso a linhas de financiamento com custos elevados torna-se ainda mais restrito, limitando seu potencial de crescimento e inovação. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem reiteradamente alertado para os efeitos negativos de juros altos sobre a produção e a competitividade da indústria nacional.

 

Impactos na Competitividade e no Investimento Produtivo

A competitividade da indústria brasileira no mercado global é diretamente afetada pelo custo do capital. Taxas de juros elevadas tornam os produtos nacionais mais caros em comparação com concorrentes de países com juros menores, dificultando a conquista de novos mercados e a manutenção da participação nos já existentes. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) tem destacado a urgência de um ambiente macroeconômico mais favorável ao investimento produtivo, com taxas de juros compatíveis com o crescimento sustentável.

Além disso, o encarecimento do crédito impacta a capacidade das empresas de investirem em pesquisa e desenvolvimento (P&D), em novas tecnologias e em processos mais eficientes, elementos cruciais para a inovação e para o aumento da produtividade. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) enfatiza a importância do acesso a financiamento com custos razoáveis para impulsionar a transformação digital e a modernização do setor industrial brasileiro.

 

Reflexos no Consumo e na Dinâmica Econômica

O patamar elevado dos juros também exerce pressão sobre o consumo das famílias, uma vez que encarece o crédito para a aquisição de bens duráveis, como imóveis e veículos, e aumenta o custo do endividamento. Essa retração no consumo impacta diretamente a demanda por produtos industriais e serviços, gerando um ciclo de desaceleração econômica. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) tem sentido os efeitos das altas taxas de juros na demanda por automóveis, com reflexos na produção e nos investimentos do setor.

Arnaldo Jardim, em sua análise para o Portal da Indústria, ressalta que a política monetária, embora fundamental para o controle da inflação, precisa considerar seus efeitos sobre a atividade econômica e a competitividade da indústria. A busca por um equilíbrio que permita a estabilidade de preços sem comprometer o crescimento e a geração de empregos é um desafio central para a condução da política econômica brasileira em 2025.

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